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Instrutor se perde em uma nuvem, pede ajuda a Deus, reza e pergunta se turista sabia nadar: 'Nascemos de novo. A gente tinha que viver isso junto'

Por Leonardo FilipoRio de Janeiro
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Voo Parapente (Foto: Reprodução)Angústia no ar: Luiz se perde dentro da nuvem, e
Sudmar começa a rezar (Foto: Reprodução)
Angústia e desespero marcaram um voo duplo de parapente no Rio de Janeiro, na semana passada. Por longos quatro minutos, o instrutor Luiz Gonzaga Pereira de Souza e Sudmar Franzin ficaram dentro de uma nuvem, sem visibilidade, após saltarem da Pedra Bonita, na Zona Sul da cidade. O céu estava carregado e no vídeo que registrou o voo há pelo menos mais outros dois parapentes em ação. No início, os dois curtiam o visual de São Conrado. Com cerca de quatro minutos no ar, porém, os dois são sugados pela nuvem.

- Agora fechou... Ai, meu Deus. Calma... Meu Deus do céu, não sei onde estou... Fica tranquilo aí, tá? Fica tranquilo, tá? - pediu Luiz.
Sudmar permanece, aparentemente, tranquilo. Luiz pede que ele desligue a câmera, mas logo muda de ideia, e o voo continua a ser registrado. Neste momento, o instrutor pergunta se Sudmar sabe rezar, pede ajuda a Deus e cita a sua filha.
ASSISTA: Confira o vídeo completo do voo no blog Meio de Campo

- Pelo amor de Deus, não sei como eu deixei isso acontecer... O outro menino também tá dentro da nuvem. A gente vai chegar a algum lugar. Deus é mais, tá? Vamos rezar. Ave Maria, cheia de graça. O Senhor é convosco, bendito sóis vós entre as mulheres, bendito é o fruto do nosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai a Deus por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte...
O vídeo completo do voo foi publicado em uma rede social. E mostra momentos de angústia.
- Deixa eu ver alguma coisa, meu Deus. A praia, qualquer coisa... Onde que eu tô, meu Deus? Mostra o caminho pra mim, meu Pai. Olha a minha filha Maria Júlia, meu Pai, eu quero pousar. Meu amigo também aqui. Nós somos filhos de Deus. Mostra alguma coisa pra gente, meu Pai.
Voo Parapente (Foto: Reprodução)Luiz procura algo fora da nuvem para se localizar e pergunta se Sudmar sabe rezar (Foto: Reprodução)
Sudmar segue de olhos fechados, parecendo rezar, quando Luiz pergunta:
- Sabe nadar?
- Sei. 
- Eu não sei onde a gente tá, se a gente abre o paraquedas... O que você acha?
- Não.
- Olha a casa lá!
Os dois finalmente se livram da nuvem. Entre rajadas de vento é possível ouvir Luiz dizendo a Sudmar que nunca havia passado por aquela situação. Sudmar finalmente abre os olhos. O semblante do instrutor é de alívio: 
Voo Parapente (Foto: Reprodução)Em solo, Luiz comemora o pouso e diz que ele e
Sudmar nasceram de novo (Foto: Reprodução)
- Viu como eu pedi pro Papai do Céu?
- E eu, que fiquei rezando aqui?
Momentos antes de pousarem em um gramado, o instrutor diz que eles nasceram de novo. No chão, Luiz dá um abraço em Sudmar:
- PQP! Essa a gente tinha que viver isso junto!
- Pensei no meu pai e na mãe.
- Pensei na minha filha. Primeira vez, cara.


Instrutor foi afastado
Presidente do do Clube São Conrado de Voo Livre (CSCVL), Marcelo Moikano lamentou o episódio e disse que as condições de voo eram favoráveis. Segundo ele, Luiz tem cerca de 20 anos de experiência, mas cometeu um erro ao se colocar naquela posição.  
- Isso pegou muito mal para o esporte, foi lamentável. Foi um momento de tensão do instrutor. Térmica tem todo dia em todo lugar. Esse é o combustível do voo. A condição era favorável. Mas naquele momento ele deixou ser sugado pela nuvem. O Clube não tem responsabilidade. A bandeira do clube estava amarela, voe com atenção. A negligência foi do instrutor. O ar é um elemento que raríssimas vezes dá uma segunda, terceira chance.
De acordo com o vice-presidente do CSCVL, Augusto Prates, o instrutor foi afastado por tempo indeterminado, e a sua habilitação está sendo reavaliada. Prates considerou o erro de "exceção" e que o episódio ajudará ainda mais na fiscalização e melhoria dos procedimentos de voo e capacitação de pilotos e instrutores.

Em março do ano passado, Priscila Boliveira, irmã do ator Fabrício Boliveira, morreu ao cair de um voo de parapente no mesmo local. O instrutor, Alan Figueiredo, foi acusado de negligência. Meses depois, em agosto, o instrutor Wanderley Coelho, o Delei, morreu ao cair de um voo duplo de asa delta.

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